18/06/2010

Por Luciano Milhomem
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Pesquisadores tem à frente a socióloga Miriam Abramovay, que já atuou pela Sangari em programas como o Rap Com Ciência

Muito se fala sobre “delinquência juvenil” e gangues, mas poucos realmente conhecem de perto o cotidiano desses grupos e menos ainda podem dizer como é ser mulher nesse ambiente, tido como tipicamente masculino. O livro “Gangues, Gênero e Juventudes: donas de rocha e sujeitos cabulosos” resulta de mergulho profundo nesse ambiente. Lançado no último dia 14 de junho, a publicação apresenta os resultados de pesquisa realizada entre 2007 e 2009 sobre o universo das gangues de pichadores no Distrito Federal, com reflexões sobre discursos, vivências e críticas a instituições como a polícia.

Fruto de parceria entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), a organização não-governamental Central Única das Favelas (CUFA) e a Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA), o trabalho resume mais de 150 horas de entrevistas e grupos focais, envolvendo 73 integrantes de 13 gangues, além de diversas incursões em campo e observação sistemática da realidade em que esses jovens estão inseridos. Segundo os pesquisadores, tendo à frente a socióloga Miriam Abramovay, que já atuou na Sangari em programas como o Rap Com Ciência, no DF, e Ciência na Rua, no Rio de Janeiro, o estudo segue uma abordagem socioantropológica, com metodologia que prevê o estabelecimento de vínculos de confiança mediante o qual os jovens “abrem o jogo” e relatam, sem temor, suas vidas, valores, fantasias.

A pesquisa visa a contribuir para a proposição de políticas para adolescentes e jovens por meio da melhor compreensão dos diversos tipos de juventude, inclusive de grupos considerados “marginais”. A pesquisa deixa claro que, nesse meio, não há delinquentes nem vítimas.

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