22/12/2010

Brasil leu 830 milhões de livros em 2010

via Galeno Amorim - 17/12/2010

A duas semanas do fim do ano, o Blog do Galeno fez a contagem – que, nesse caso, não tem nada de regressiva: os brasileiros leram em 2010 nada menos do que 830 milhões de livros. São livros de todos os gêneros, da literatura infanto-juvenil ou técnicos aos escolares e religiosos. Este é o número a que chegou o Livrômetro, o relógio da leitura no Brasil inventado pelo blog para medir o comportamento leitor da população, tendo como ponto de partida o índice apontado pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, segundo o qual o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano.

13/12/2010

Jorge Werthein: PISA 2009 e o Brasil e mão de obra

Jorge Werthein: PISA 2009 e o Brasil e mão de obra: "Com mais estudo, PIB pode disparar 'Depois de 15 dias de trabalho, fui promovida a supervisora e passei por mais dois cargos. A qualifica..."

03/12/2010

Knowledge Base Economy in Qatar

via Jorge Werthein

Qatar’s Bid for the World Cup:Shifting to a Knowledge BaseEconomy

This week could be a historic one for the Middle East. Despite the ongoing potential for conflict that always seems to loom over the region, there is a possibility that an Arab country will, for the first time, be chosen as the host of a major international sporting event. Host countries for the World Cup finals will be announced on December 2 Host countries for the World Cup finals will be announced on December 2 and Qatar has submitted an impressive bid to host the 2022 tournament. Even despite controversy surrounding the site selection process, getting to this stage is a major achievement for this Arab nation.


Ambassadors for the nomination of Qatar to host the 2022 World Cup kick soccer balls during the FIFA Inspection Visit in Doha.

Reuters/Fadi Al-Assaad

Let’s not forget how far Qatar has come in a relatively short period of time. According to World Bank estimates, Qatar’s GDP per capita was $34,152 in 1980. Almost 30 years later, its GDP per capita was estimated at $121,000 for 2009, ranking it second highest in the world. Qatar’s Human Development Index is 50 percent higher today than the average figure for all the Arab states, giving the country a rank of 38 out of 169 countries with comparable data. This broader index includes health outcomes and educational outcomes, indicating that Qatar has turned its wealth into human wealth.

What happened in the intervening 30 years is mostly connected to the wealth of the country’s oil and natural gas resources. Currently, 60 percent of Qatar’s GDP is directly accountable to its energy resources sector. While Qatar’s oil production is dwarfed by its neighbors Saudi Arabia, Kuwait and UAE, it has the world’s third largest natural gas reserves (behind Russia and Iran). Furthermore, what sets Qatar’s recent development path ahead of others is that it has invested heavily in liquefied natural gas (LNG) technology and production facilities over the past 20 years and is now the world’s leading exporter of LNG.

With a population of just over a million people and labor force of only 500,000, most of the industrialization of Qatar has occurred with the assistance of foreign workers. Increasing the number of nationals employed in the private sector or the “Qatarization of the workforce” is a challenge for Qatar and many of its neighbors since the generous welfare state makes private sector and quasi-public sector jobs less appealing that the public sector.

The hosting of the World Cup by Qatar is likely to have a positive economic impact throughout the region. Previous studies have shown that short-run employment increases by 15 to 25 percent as a result of major international sporting events. With youth unemployment rates in the broader Middle East region ranging from two to five times higher than older age groups, much of the employment gain is likely to be distributed to the youth.

There has been an attempt in the past five years for Qatar to shift its development from one solely dependent on oil and natural gas to a ‘knowledge-based economy.’ It has already made great strides in doing so. Education reform passed in 2001 has attempted to break the mold of the rote memorization system that is characteristic throughout the Arab world. The development of Education City by the Qatar Foundation for Education, Science and Community Development is aimed at making Doha the center of educational excellence in the Middle East region.

Doha has already hosted international meetings on politics and economics. Now, it is time to have Doha and Qatar highlight the Arab world’s potential by showcasing a knowledge economy that will thrive, even when the world’s energy needs no longer depend upon the Middle East region.

Exposição em São Paulo discute relação do homem com a água

Consumo consciente do recurso é um dos temas expostos; mostra ficará aberta para visitação no prédio da Oca do Ibirapuera até maio de 2001

Rogério Ferro, da equipe Akatu

Sem água, não há vida. O recurso é tão fundamental para a existência humana e de todos os organismos vivos que representa 94% de um feto de cinco meses, ou então, 91% de um alimento saudável como o brócolis. Mas é finito.

“Expusemos esses dados porque, acima de tudo, eles celebram a água e, portanto, a vida”, afirma Marcello Dantas, curador da Exposição Água na Oca, que estará aberta para visitação até o dia 8 de maio de 2001, no prédio da Oca do Ibirapuera, em São Paulo.

A mostra tem origem na exposição “Water: H2O = Life”, apresentada em 2007, em Nova Iorque. No Brasil, o evento é realizado pelo Instituto Sangari, com a contribuição do Akatu, que forneceu conteúdos para a mostra.

“A exposição enfatiza o que a água representa para os brasileiros, que são os detentores do maior manancial do globo”, afirma Ben Sangari, presidente do Instituto Sangari.

No local, projeções e efeitos visuais e sonoros foram montados propositalmente para causar sensações de contato direto com a água e, ao mesmo tempo, conscientizar o público sobre o consumo consciente do recurso. O evento aborda as primeiras conquistas da exploração científica das profundezas dos grandes mares, exibindo espécies raras em formato de vídeos e fotos e, a partir desses elementos, promove uma discussão sobre os efeitos da pesca predatória, a poluição das águas, o desperdício do recurso, entre outros.

Os estados e o ciclo da água, bem como os problemas relacionados à qualidade e à disponibilidade desse recurso nas sociedades e nos ecossistemas mundiais também são abordados na exposição.
Evitar seis descargas desnecessárias, por exemplo, resulta em uma economia de água suficiente para um banho, mostra um dos dispositivos interativos da mostra. “A questão da sustentabilidade é uma das abordagens da amostra, que é bem mais ampla. Trouxemos informações que esperamos serem capazes de provocar reflexões sobre a importância de tratar esse recurso com o carinho que ele merece” explica Dantas.

“É fundamental que eventos grandiosos como este se proponham a levar a mensagem do consumo consciente para os consumidores”, afirma Camila Mello, gerente de mobilização comunitária do Akatu. “Queremos que todos saibam que ameaçar a existência desse recurso, é ameaçar a nossa própria existência”, completa.

“Tenho 38 anos, adoro arte e já visitei muitas exposições aqui no Brasil e em outros países também. Nunca imaginei que seria possível fazer uma exposição sobre algo tão essencial para nós”, conta a arquiteta Júlia Washington. “Todos que visitarem a exposição vão sair daqui respeitando um pouco mais a água”, aposta a professora de música, Ana Liz Varca, 31 anos.
Na exposição, a representação de uma realidade que faz parte da vida cotidiana de muitos brasileiros, revela a força da fúria da água: uma casa construída na base de madeira e papelão, erguida em local impróprio sofre risco de desabamento devido à chuva forte. “É uma mostra integralmente concebida no Brasil e para o Brasil”, explica Dantas.

Segundo a organização do evento, todos os 15 mil litros de água usados para montar a exposição, serão reaproveitados.

02/12/2010

Por que divulgar ciência?

Talvez você já tenha ouvido esta pergunta em algum lugar. E por que voltar a esse assunto? Muitos motivos poderiam ser mencionados: a população apoia projetos que compreende melhor, o que invariavelmente resultará no suporte financeiro do poder público, das instituições fomentadores de pesquisa ou das empresas privadas.

Divulgar ciência ajuda a melhorar a educação. A divulgação atrai jovens ou entusiastas para o convívio no meio científico e ajuda a desmistificar conceitos equivocados e mitos sobre o papel do cientista. Divulgar ciência é o único meio de conter uma onda mística da qual surgem cada dia mais os que abusam da boa fé de nosso povo.

Mas então por que, especialmente no Brasil, não se costuma fazer divulgação científica? Será pura “inércia” de uma falta de tradição secular? Insensatez? um tiro no próprio pé – já que quase todo apoio à ciência vem dos cofres públicos? Provavelmente ocorre um pouco de medo e despreparo. Muitos acham que “saber” não implica em “saber transmitir”.

Realmente é necessário explicar com clareza e honestidade o objetivo de uma pesquisa. E não se pode falar ao público em geral do mesmo modo como conversamos com nossos pares.

Não é um trabalho simples, mas todos envolvidos com ciência deveriam fazê-lo. Um trabalho bem apresentado ao público pode render reconhecimento e fundos para continuar as pesquisas.

A população deve ter conhecimento da importância e necessidade dessa ou daquela pesquisa.
Ciclo virtuosoESTE É UM CICLO QUE FACILITA a chegada de novos investimentos e o conseqüente desenvolvimento científico e tecnológico. Durante a crise no abastecimento de energia elétrica, por exemplo, os institutos que trabalham com fontes alternativas de energia tiveram uma ótima oportunidade de mostrar à imprensa e ao grande público os resultados parciais de suas pesquisas, e assim “batalhar abertamente” por mais incentivos.

Quando o cientista divulga o seu trabalho presta contas a sociedade daquilo em que ela investiu. Isso cria uma cumplicidade de que tudo o que é investido acaba retornando em benefícios. Isso também incentiva os professores do ensino médio a se manterem atualizados quanto aos avanços científicos.

Se a divulgação científica tornar-se um hábito, até mesmo os atuais critérios na concessão de financiamento para as pesquisas poderiam mudar, à exemplo do que já ocorre em outros países.
Um pesquisador tem de explorar um modo de divulgar o seu trabalho de maneira clara e precisa. É igualmente bem-vindo que ele compartilhe o seu conhecimento em ciência básica com jovens em idade escolar, assim como um atleta divide o seu tempo ensinando sua prática em iniciativas voluntárias.

Em seus estudos sobre a vida, Leonardo Da Vinci desenvolveu uma descrição detalhada da anatomia humana; porém, suas anotações eram obscuras e ele sabia que desenhos seriam melhor compreendidos – até por ele próprio. Assim, ele fez uma descrição minuciosa através de ilustrações que até hoje ainda são vistas em livros de anatomia.

Senso críticoOUTRO PAPEL IMPORTANTE DO DIVULGADOR é a correção de equívocos, os conceitos errôneos e a má divulgação científica. Em nosso meio há pessoas que se aproveitam do vazio deixado pela ciência na mídia e se autoproclamam especialistas, quando muitas vezes não têm sequer uma iniciação científica.

Pelo menos uma vez ou outra, o pesquisador deve assumir sua responsabilidade como educador e combater tais deslizes, falando habilmente sobre ciência e minimizando a propagação de erros.
O mais importante é formar uma sociedade crítica, com cabeças pensantes que tenham as ferramentas necessárias para atuar no beneficio de todos. Inspirar a juventude é um ótimo começo para galgarmos no caminho da maior entre todas as aventuras: aprender e praticar ciência.

FLORA I. MATTOS-COSTA**Flora Inês Mattos Costa é doutora em ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com pós-doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Colabora com o Zênite cuidando para que nossos artigos atendam as exigências básicas de um bom trabalho de divulgação científica: clareza, precisão e correção.
http://www.zenite.nu/

FONTE: Anel de Blogs Científicos / O Estudo da Blogosfera Cientifica

Movimento Todos pela Educação

via Jorge Werthein em 01/12/10

Relatório aponta baixo aprendizado de alunos do 5º ano em português e do 9º ano em matemática

Estudo foi divulgado nesta quarta-feira pelo Movimento Todos Pela Educação

01 de dezembro de 2010
Estadão.edu, com Agência Brasil

Apenas um em cada três alunos do 5º ano do ensino fundamental sabe português e matemática de acordo com o esperado para a série. Entre os estudantes do 9º ano do fundamental, 26,3% sabem ler e escrever e 14,8% dominam matemática conforme o adequado para a série. As informações constam de relatório do Movimento Todos Pela Educação divulgado nesta quarta-feira, 1º de dezembro.

A entidade criou cinco metas de acesso e qualidade da educação no Brasil e acompanha os resultados periodicamente. Uma das metas estabelece que, até 2022, pelo menos 70% dos alunos deverão aprender o que é essencial para a sua série.

Os patamares estipulados para 2009 foram parcialmente cumpridos. Os resultados em língua portuguesa dos alunos do 5º ano ficaram abaixo do esperado: apenas 34,2% aprenderam o que deveriam, enquanto a meta era chegar a 36,6%. Em matemática, 32,6% dos estudantes atingiram o resultado indicado, superando os 29,1% estipulados.

Para os alunos do 9º ano do ensino fundamental, o cenário é inverso: a meta de português foi atingida, mas a de matemática não. Apenas 14,8% dos estudantes aprenderam o esperado para a série que cursavam – abaixo dos 17,9% estipulados pela entidade. Em língua portuguesa, 26,3% atingiram a pontuação adequada, superando a meta de 24,7%.No ensino médio, 28,9% obtiveram o resultado esperado em língua portuguesa (a meta era 26,3%) e só 11% alcançaram o aprendizado adequado para a etapa em matemática (a meta era 14,3%).

Centro-Oeste
A diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, classifica como "central" a meta "Todo aluno com aprendizado adequado à sua série". "O ciclo 1 do ensino fundamental - do 1º ao 5º ano - está mais bem resolvido, ainda que distante dos 100%", diz. Priscila destaca o trabalho dos Estados da Região Centro-Oeste "Eles fizeram a lição de casa para o cumprimento das metas do ensino fundamental.

"No ciclo 1, o estipulado pelo movimento para 2009 era que 38,8% das crianças do Centro-Oeste soubessem ler e escrever - a Região atingiu 40,2% - e 30,6% dominassem o conteúdo de matemática esperado para o 5º ano - o número constatado foi de 36,2%.

No ciclo 2, o movimento determinou como meta para a Região que 23,6% dos alunos soubessem matemática de acordo com o esperado para o 9º ano. Os Estados atingiram uma média de 27,8%. Em matemática, a meta era de 16%, mas o Centro-Oeste alcançou 15,6%.

Qualidade
Para o sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), enfrentar o problema da qualidade da educação demanda mais investimentos públicos e o desmonte da "caixa preta que é a educação pré-escolar". Ainda segundo ele, alfabetizar plenamente todas as crianças até os 8 anos de idade é um "problema crucial", assim como a reforma dos currículos escolares.

"Não podemos continuar com um currículo tão aberto, e isso está ligado diretamente à formação dos professores, que são mal pagos e desvalorizados. Aí entra outra questão: como está o ensino nas faculdades de Educação", questiona o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Relatório
O estudo do Todos Pela Educação também traz análises sobre o acesso da população de 4 a 17 anos à escola, a alfabetização das crianças até os 8 anos de idade, a conclusão do ensino médio até os 19 anos e os investimentos públicos em educação.

No ano passado, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ampliou a obrigatoriedade do ensino no País. Antes, apenas o ensino fundamental era compulsório – dos 6 aos 14 anos. Até 2016, o País terá de incluir todas as pessoas de 4 anos a 17 anos na escola, desde a pré-escola até o ensino médio. O atendimento está próximo de ser universalizado na faixa de 6 a 14 anos de idade (99,7%). Porém, considerando a população de 4 a 17 anos, o acesso cai para 91,9%. A maior cobertura está na Região Sudeste (93,5%) e a menor, na Sul (89,5%).

01/12/2010

Ensino Fundamental ruim é determinante para fracasso no Ensino Médio

via Jorge Werthein
Baixo desempenho e idade têm impacto no ensino médio

Pesquisas revelam os principais fatores que prejudicam alunos no ensino médio do Brasil: o baixo desempenho no ensino fundamental e a idade maior do que a esperada para a série (defasagem idade-série). Os dados foram apresentados ontem, na capital paulista, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) de Ribeirão Preto. Segundo o levantamento, 30% dos estudantes com as piores notas no nível fundamental sequer se matriculam no ensino médio. Entre os alunos com os melhores desempenhos, o índice de evasão cai para 3%. Hoje, os números serão analisados e comentados por especialistas em educação durante o seminário Como aumentar a audiência no ensino médio?, promovido pelo Instituto Unibanco.

A pesquisa, feita com jovens de escolas públicas e particulares de seis regiões metropolitanas do país, incluindo a Grande Belo Horizonte, mostra ainda que, chegar tarde ao ensino médio, tem um impacto extremamente negativo no futuro escolar dos estudantes.

De cada 100 alunos que se matriculam no nível médio acima da idade recomendada (14 ou 15 anos), 16 abandonam a escola antes de completar os estudos. Já entre os sem defasagem idade-série, apenas nove desistem. O levantamento ainda revela que os atrasados tendem a abandonar a escola no meio do ano letivo, deixando a sala de aula sem concluir a série que estão cursando. Isso faz com que o tempo necessário para que eles terminem os estudos seja ainda mais longo.

A belo-horizontina Nayara Peçanha, de 18 anos, é prova concreta do impacto do atraso escolar no ritmo de estudos. Depois de uma reprovação no 7º ano do ensino fundamental, ela conta que sua trajetória nunca mais foi a mesma. Fiquei desmotivada para repetir o ano. Para piorar, comecei a trabalhar e tive dificuldades de conciliar com os estudos. Num momento de desespero, joguei tudo para o alto , conta Nayara, cheia de arrependimento.

Hoje, matriculada no 1º ano do ensino médio na Escola Estadual Professor Francisco Brant, no Bairro Caiçara, ela tenta recuperar o tempo perdido. Sei que essa parada na escola me prejudicou muito, mas estou animada novamente com os estudos e vou lutar pelo meu sonho: cursar uma faculdade de medicina.

Os dados da pesquisa reacendem a polêmica sobre a reprovação escolar. Combater a repetência é uma estratégia necessária para evitar a evasão. Mas isso não significa aprovar um aluno a qualquer custo. Ele precisa aprender, ou seja, não pode deixar de adquirir as habilidades mínimas para a idade e a série em que está matriculado , explica o pesquisador da Fundace, Amaury Gremaud. A superintendente executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel, ainda reforça: O antídoto para a reprovação não é a progressão automática. Essa prática já se mostrou ineficaz e é culturamente rejeitada pelos professores , diz Wanda.

A doutora em educação defende que a distorção idade-série seja combatida no ensino fundamental, com investimentos na qualidade da educação básica.

Outra conclusão importante da pesquisa é que conseguir terminar o ensino médio nos três anos regulamentares não é tarefa fácil nem mesmo para os que ingressam nesse nível de ensino na idade correta. Apenas 45% dos alunos nessa situação completam os estudos no tempo previsto. Por último, o estudo ainda ajuda a derrubar mitos sobre a evasão na escola: o principal deles é o fato de os jovens abandonarem os estudos para trabalhar. Para o pesquisador da Fundação Getulio Vargas, André Portela Souza, a explicação para esse fenômeno é simples: Se o mercado de trabalho valoriza a educação e a formação do profissional, o jovem fica na escola. Nesse caso, ele vê nos estudos uma expectativa de melhoria de salário. Outra hipótese é que o aquecimento da economia melhore a renda familiar e o fato de os pais ganharem mais tem impacto positivo na frequência escolar dos filhos , conclui.A repórter viajou a convite do Instituto Unibanco.

Sustentabilidade, a legitimação de um Novo Valor

via Jorge Werthein
Socioeconomia: O mais importante pilar das ciências sociais de nosso tempo afastou a economiada ética e a sociedade da natureza.Um convite à derrubada de equívocos fundamentais

Por Ricardo Abramovay

" Sustentabilidade - A Legitimação de um Novo Valor"
José Eli da Veiga. Senac/ SP. 160 páginas, R$ 35,00

Davilym Dourado

José Eli da Veiga: uma proposta de revisão de conceitos e práticas que negam a essência da sustentabilidade

As duas mais conhecidas definições de sustentabilidade sãoenfaticamente rejeitadas no novo livro de José Eli da Veiga. Não setrata, em primeiro lugar, de "alcançar as necessidades do presente,sem comprometer a capacidade das futuras gerações de alcançar suas próprias necessidades", conforme preconiza o Relatório Bruntland. Tampouco o tema pode ser resolvido pela célebre metáfora do tripé, em que econômico, social e ambiental são analiticamente separadospara se juntarem depois numa espécie de triângulo mítico. Em ambosos casos fica de fora o essencial: sustentabilidade é um valor e, portanto, um convite para que se desfaça o mais importante pilar dasciências sociais de nosso tempo, o que afastou a economia da ética ea sociedade da natureza.

No que se refere à definição de Bruntland, por exemplo, não épossível falar genericamente de necessidades, presentes ou futuras,sem que se discutam os padrões de consumo contemporâneos. Quanto ao tripé, a sustentabilidade não consiste em fazer mais domesmo, mas com um pouco menos de dano ambiental e um poucomais de preocupação social. O que está em jogo é o sentido e o significado, para as sociedades contemporâneas, do objetivo básico em torno do qual se organizam as políticas e os agentes econômicos:o crescimento incessante da produção de bens e serviços e suamedida consagrada, o PIB.

Estudar a sustentabilidade como um valor não retira em nada o alcance científico do uso desse termo. O primeiro capítulo do livro apresenta de forma didática as vertentes fundamentais dopensamento econômico voltado ao tema, sempre com base em exemplos concretos. Por mais que o progresso técnico (juntamentecom a mobilização social, é claro) tenha contribuído para reduzir a insustentabilidade de alguns dos mais importantes processos produtivos atuais, a verdade é que o consumo de materiais, de energia e as emissões de gases de efeito estufa não cessa deaumentar: os ganhos de eficiência foram globalmente mais que contra balançados pela elevação espetacular do consumo. Assim, mesmo que não seja possível definir de forma clara e distinta asustentabilidade, é possível dizer que a trajetória atual dassociedades humanas é insustentável.

O segundo capítulo oferece o panorama da agonia da era fóssil. É equivocado o raciocínio tão frequente de que as soluções tecnológicas para superá-la estão disponíveis e que só falta vontade política para que sejam aplicadas. Da mesma forma, a ideia correntede que as emissões de gases de efeito estufa originam-se nos países ricos e que estes convivem cinicamente com seus resultados, jogando o prejuízo nas costas dos pobres, por meio de políticas protecionistas, é totalmente míope. A participação dos países desenvolvidos nas emissões despencou de 85% do total em 1990 para44% em 2004. E deve ir para um terço em 2012. Isso decorre de umfator virtuoso, que é o progresso tecnológico. Mas deve-se também aofato de que indústrias e atividades intensivas em carbono foram transferidas para nações emergentes, como China, Índia, África do Sul e Brasil.

As negociações internacionais em torno da transição para uma sociedade de baixo carbono mostram-se pateticamente incapazes depromover avanços. Mas isso não significa paralisia. Dois fatores são essenciais nesse processo, como se lê no terceiro capítulo do livro. Por um lado, a dependência de energias fósseis cria um problema desegurança nacional para os países mais poderosos do mundo, acomeçar pelos Estados Unidos e China. Além disso, pode-se dizer que a fronteira tecnológica e científica da inovação produtiva contemporânea é movida em grande parte pela urgência da descarbonização da vida econômica. Isso cria uma espécie de nova agenda da cooperação internacional, que vai além da transferência de tecnologia e supõe uma verdadeira partilha dos conhecimentos necessários a que sejam melhoradas as técnicas produtivas e as capacidades de preservação dos serviços essenciais dos ecossistemas.

Mas nada disso poderá ser levado adiante se as sociedades permanecerem dominadas pelo mito de que o crescimento é afinalidade essencial da própria vida econômica. É o que se discute no quarto capítulo do livro. Nesse sentido, não é apenas asustentabilidade que é um valor: quando Amartya Sen define odesenvolvimento como o processo permanente de ampliação dasliberdades substantivas dos seres humanos, ele promove uma espéciede revolução copernicana. A riqueza deixa de ser uma finalidade econverte-se num meio cujos fins só podem ser alcançados por discussões democráticas de natureza ética e política.

Sustentabilidade não é continuar cultivando a produção pela produção, só que de forma esverdeada. É, antes de tudo, submeter, por meio do debate público, inspirado por valores, a vida econômicaàs necessidades sociais e reconhecer os limites dos ecossistemas. A boa notícia é que não se trata apenas de uma discussão filosófica e, sim, da posição explicitamente assumida por parcela cada vez mais expressiva do próprio "mainstream" da ciência econômica. Ricardo Abramovay é professor titular do departamento de economia da FEA, coordenador de seu núcleo de economia socioambiental, orientador do Instituto de Relações Internacionais da USP e pesquisador do CNPq e da Fapesp.

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